segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Observar e Absorver

Entrem no blog do Eduardo Marinho, grande artista que expõe seus trabalhos no Largo dos Guimarães, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro.
http://observareabsorver.blogspot.com/
Segue a foto de um lindo quadro do Eduardo NINGUÉM NASCE BANDIDO:

domingo, 30 de janeiro de 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

4 Mentiras da Mídia sobre as Manifestações na Tunísia



"Os meios de comunicação estrangeiros falseiam a visão dos acontecimentos. Dão a entender que a Tunísia vive um movimento social como se as causas principais fossem o desemprego ou o preço dos alimentos de base. Quando denunciam a ditadura, têm tendência para a desculpar. Acima de tudo, escondem as razões por que o governo francês apoia o regime criminoso de Ben Ali: alegam que é principalmente por causa da participação de Ben Ali na luta contra os islamitas.


Mentira nº 1 dos meios de comunicação: “Trata-se apenas de um movimento social, não é um levantamento”

De há duas semanas a esta parte intensificou-se a repressão na Tunísia. Tiros de balas reais das forças policiais juntaram-se às detenções em massa e às ameaças de perseguições. Sabe-se que há mortos desde 9 de Janeiro. Mas o balanço é difícil e os hospitais proíbem as filmagens. Os meios de comunicação locais estão amordaçados, mas as informações espalham-se na Internet como um rasto de poeira. Entre os mortos, há crianças, mulheres e pessoas idosas. Uns morrem sufocados com os cartuxos de gás lacrimogéneo fora de prazo que são utilizados. Os vídeos na Internet mostram que as vítimas foram quase todas atingidas no peito ou na cabeça. Tiros de precisão para matar.
Kasserine (a sudoeste do país) foi particularmente atingida. Sábado à noite, os polícias de Ben Ali dispararam sobre o cortejo fúnebre de um manifestante que tinham morto na véspera. Foram colocados atiradores em sítios altos. Houve pelo menos cinquenta mortos ali e os confrontos continuam. Polícias à paisana pilharam os estabelecimentos comerciais e as casas. E na segunda-feira foi possível ouvir na Radio Kalima que as forças especiais de Ben Ali arrombaram as portas das casas e violaram as raparigas que encontraram.
A ira chegou a uma situação sem retorno. Toda a gente aderiu ao combate: médicos e advogados lutam ao lado dos mais pobres pelo seu país. Na segunda-feira à noite Ben Ali faz uma declaração, prometendo 300 000 empregos. Como se essa mentira pudesse acalmar os ânimos. “Estamos nas tintas para o desemprego, queremos que Ben Ali seja preso” declaram em coro os tunisinos.
Os subúrbios de Tunis revoltam-se na quarta-feira. Ben Ali manda o exército intervir, mas este volta-se contra ele em várias cidades, protegendo os cidadãos pacíficos dos tiros da polícia e das detenções. Na quarta-feira à noite é decretado o recolher obrigatório em Tunis e seus subúrbios, das 20 h às 5 h30 da manhã. Uma hora antes, o jovem Magid é assassinado em Ettadhamen no subúrbio oeste de Tunis com um tiro de um polícia, quando regressava a casa. Contrariamente ao que nos descrevem os jornalistas do France 24, abrigados no centro, os corajosos habitantes das cidades de Ettadhamen e de Intilaka lutaram toda a noite apesar do recolher obrigatório e dos tiros da polícia. Os confrontos continuam, os jovens cantam : “Não temos medo de vocês”. O exército retira-se da cidade, por ordem de Ben Ali, para deixar que as forças especiais continuem o massacre.
Não se trata de um simples movimento social, é uma revolução que está em marcha. Um levantamento cuja faísca foi o suicídio por imolação, no dia 17 de Dezembro em Sidibouzid, de um jovem de 28 anos, mas cujas raízes são mais profundas.
A luta organiza-se na Internet e na rua, começa no sul onde as populações são mais pobres, mas estende-se a todo o país. Na quinta-feira passada, depois de Tunis e dos seus subúrbios, as cidades de Tabarka e Jendouba no noroeste juntam-se por seu turno à luta.
Ben Ali alega ter sido enganado por gente corrupta. Imediatamente, na quarta-feira, a ONU que receia que ele perca o seu trono, recomenda-lhe que instale uma comissão de inquérito independente. Mas os tunisinos não são parvos : sabem muito bem que os corruptos são os que dirigem o seu país. Pele seu lado, os Estados Unidos tentam também chamar à razão o tirano que perde o controlo do país e só agrava a situação com a repressão.
Pouco depois, o primeiro-ministro tunisino anuncia a exoneração do ministro do interior, Rafik Belhaj Kacem, e a libertação de todas as pessoas detidas durante o “levantamento social”. Na mesma altura, Hamma Hammami, um opositor político que já conheceu a clandestinidade, a prisão, o exílio e a tortura, na sua qualidade de porta-voz do PCOT (partido comunista tunisino, oficialmente proibido) é raptado do seu domicílio pelas forças especiais. A família muito inquieta receia pela sua vida.
Quinta-feira, o presidente autoproclamado, Zin El Abidiin Ben Ali, anuncia que não tem a intenção de exercer um novo mandato e promete a liberdade total da informação e da internet: “Nada de presidência vitalícia e recuso-me a mexer no limite de idade fixado pela Constituição”. “Basta de tiros com balas reais”, “Já vos compreendi”. São estas as palavras do ditador assassino agonizante que alega ter sido enganado. Nenhuma palavra sobre o recolher obrigatório instaurado desde a véspera.
Depois da declaração, ouvem-se alguns gritos de regozijo na rua mas rapidamente são criticados por uma grande parte dos resistentes e pela totalidade dos ciber-activistas.
Para Tarak Mekki, opositor político de Ben Ali e humorista, estas manifestações de regozijo são uma encenação: “Antes da declaração estacionaram uns carros diante da sede do partido em Sfax. Julgámos que iam partir tudo, mas eis que se põem a festejar, buzinando e foi o mesmo cenário que aconteceu em Tunis e em Kérouan, só que em Kérouan as pessoas foram espancadas e em Kasserine as manifestações continuaram”.
Um pouco mais tarde, confirma-se a mentira : a polícia continua a atirar e enumeram-se mais mortos. Em Zarzouna, os resistentes clamam vingança
depois de um tiro mortal que atingiu uma rapariga pacífica cujo único crime tinha sido ter protestado contra o regime. Em represália foi queimado um posto da polícia. Em Monastir, foi a sede do RCD que foi queimada, assim como propriedades do clã Ben Ali.
A repressão ainda subiu um furo na quinta-feira : Ben Ali tenta que a população do sul do país passe fome, restringindo o abastecimento de produtos básicos (farinha, açúcar, leite…). Sabe-se que as cidades de Kérouan, Gafsa e Sidi-bouzid estão numa situação de penúria.
Mas os motins assumem uma amplitude cada vez maior e começa-se a pensar que, se Ben Ali não for preso rapidamente, a violência popular será inevitável. Mais tarde, nesse mesmo dia, difundem-se os slogans nas ruas de Tunis, repetidos por toda a gente : “Ben Ali, rua! Já, já!”
Esta quinta-feira de manhã, às 11 horas, os tunisinos afluíram de todo o país para uma grande manifestação de vários milhares de pessoas no centro de Tunis. Todos reafirmaram a sua vontade inabalável de prender Ben Ali e o seu clã mafioso: a revolta não se acalmará antes disso. Diante do ministério do Interior, a polícia ainda disparou sobre a população. Em represália, os jovens organizam-se e querem queimar o ministério, mas o tiroteio impede-os.
O que a ONU, a França ou Ben Ali não compreendem, é que os tunisinos já não acreditam nas suas mentiras. O que eles não vêem é que só há uma solução viável para a calma: a fuga ou a rendição aos militares de Ben Ali e do seu clã. Actualmente, já não há qualquer dúvida : os tunisinos decidiram acabar com Ben Ali



Mentira nº 2 dos meios de comunicação: “Ben Ali permitiu a emancipação da mulher e a educação do povo”.

A Tunísia é um pequeno país de cerca de 10 milhões de habitantes com uma população jovem e muito culta (metade da população tem menos de 25 anos e o número de diplomados universitários ultrapassa o da Argélia e Marrocos no seu conjunto). A sua economia baseia-se principalmente em sociedades de serviços (43,2 % do PIB em 2007), em produtos de baixo valor acrescentado (azeite, cereais) e na exportação de fosfatos (segundo exportador mundial). Mas o desenvolvimento económico é muito desigual : centrado principalmente em Tell a oeste (região das colinas) com os fosfatos e no litoral com as indústrias e o turismo. O que deixa as regiões do sul e do norte com uma pobreza muito acentuada.
Foi depois da independência, em 1957, sob a presidência de Bourguiba, que a Tunísia conheceu um período social e progressista. A colonização francesa durara 75 anos, centrara-se principalmente na agricultura através da espoliação das terras e num comércio lucrativo graças aos portos de Tunis e de Sfax e na exploração dos tunisinos. Deixou um país pouco industrializado com um grande desemprego.
Na altura da libertação, a Tunísia nacionaliza o que lhe tinha sido roubado e desfruta então de uma economia social gerida a 80% pelo Estado, o que provoca um forte crescimento. A mulher tunisina recebe o direito de voto, a poligamia é proibida e o aborto é legalizado dez anos antes da França. Como cereja no topo do bolo, a maior parte do orçamento é reservada para a educação (até aos 30%).
Mas o Banco Mundial, que está ao serviço das multinacionais, imiscui-se nos assuntos tunisinos. Apoiado pela grande burguesia de Tunis, começa a oferecer a sua “ajuda” à Tunísia, ou seja, empréstimos caros, que lhe permitirão fazer pressão sobre o governo para travar a estatização da economia. Esta tinha sido iniciada por Ben Salah, secretário de Estado para o Plano e Finanças. O BM esforça-se também por recuperar tanto quanto possível os fosfatos tunisinos. No final dos anos 60, é um dos principais credores da Tunísia e provoca a exoneração de Ben Salah. A Tunisina começa então uma política muito mais liberal chefiada por Hédi Nouira, ex-governador do Banco central.
No entanto, este liberalismo não desenvolve o país: entrega-o de mão beijada aos estrangeiros e a indústria tunisina enriquece a Europa. A taxa de desemprego duplica, a taxa de escolarização baixa e as desigualdades agravam-se.
Em 1978, a UGTT (União Geral dos Trabalhadores Tunisinos - este sindicato é a principal força da oposição da época e ainda hoje existe) lança um apelo à greve geral. Nessa altura, é um tal Zine El Abidine Ben Ali que está à frente da Segurança nacional (os serviços de informações tunisinos). Manda disparar sobre a multidão: nessa “quinta-feira negra” haverá 200 mortos e mais de uma centena de feridos. Em 1983, Bourguiba duplica o preço do pão e da sêmola. Estalam então “os motins do pão”, novamente reprimidos com ferocidade. Mas o povo não abandona a luta e consegue a anulação do aumento dos preços.
Todas estas repressões vão favorecer a ascensão de Ben Ali ao poder: as burguesias de Sahel e de Tunis querem um homem capaz de fazer frente aos movimentos populares, esmagando simultaneamente os gaullistas e os islamitas.
É em 1987 que Ben Ali, na altura ministro do Interior, obriga pessoalmente sete médicos a assinar um relatório em que se declara que Bourguiba está senil. Esse “golpe médico de Estado” faz de Ben Ali o segundo presidente da Tunísia (o artigo 57º da Constituição tunisina estipula que é o primeiro-ministro que sucede no caso de impedimento). Inicia então a sua política repressiva e ultra-liberal.



Mentira nº 3 dos meios de comunicação: “Estas revoltas são causadas sobretudo pela forte taxa de desemprego e pelo custo demasiado elevado dos produtos básicos”

O desemprego é muito elevado, incluindo entre os jovens diplomados, mas é um problema secundário que decorre das causas profundas da ira : a
corrupção generalizada, a repressão, a censura e a venda do país aos amigos do ditador.
O Wikileaks fez revelações em Dezembro, através de um telegrama de Robert F. Gode, antigo embaixador americano em Tunis: “Metade do mundo dos negócios na Tunísia pode gabar-se duma ligação a Ben Ali pelo casamento, e um grande número dessas relações terá tirado grande proveito desse parentesco”.
Como refere o relatório, os tunisinos conhecem estas informações há muito tempo.
Quase todos os sectores económicos estão gangrenados por três famílias principais ligadas por casamentos, a que se chama o clã Ben Ali : os Ben Ali, os Mabrouk (uma rica família burguesa tunisina em que um dos filhos é actualmente casado com a filha do ditador) e os Trabelsi (liderado por Belhassen Trabelsi, o irmão mais velho de Leila, mulher de Ben Ali).
A família Mabrouk controla o BIAT, o Banco Internacional Árabe da Tunísia, o STAFIM PEUGEOT (automóveis) e o CHAMS FM (rádio que pertence à filha do presidente e mulher de Mabrouk). E reparte com os franceses os benefícios das licenças Géant e Monoprix.
A família Trabelsi possui o Banco da Tunísia, a licença FORD, a CTN (Companhia Tunisina de Navegação). Duas rádios: RADIO MOSAIC FM e EXPRESS FM e uma cadeia de televisão privada TV CARTHAGE (Belhassen Trabelsi e Sami Fehri), a BRICORAMA, os Cimentos Cartago, IE THON TUNISIEN.
A família Ben Ali possui os bancos Zitouna e Mediobanca (Sakhr el Matri, genros de Ben Ali) e a Société MAS de gestão dos serviços do aeroporto de Tunis. (Slim Zarrouk, genro). Do lado dos meios de comunicação, possui a sociedade CACTUS, empresa de produção áudio-visual que se apropriou de 60% das receitas da cadeia nacional, assim como duas rádios : ZITOUNA FM e JAWHARA FM (Néji Mhiri, amigo pessoal do ditador e administrador do Banco Central) e o Grupo Dar Assabah que publica os jornais Assabah e Le Temps (Sakhr Matri). A sociedade nacional Ennakl de transportes tunisinos e a
Sociedade Le Moteur que possui as licenças Mercedes e Fiat. A companhia aérea Khartago Airlines assim como a Frip. Estas sociedades foram todas readquiridas ou oferecidas em condições duvidosas ou criminosas.
O Clã dedica-se igualmente a roubar as terras do povo e as suas riquezas culturais. A maior parte das operações imobiliárias do país está nas mãos do clã. Dezenas de hectares de terras agrícolas são distribuídas pela família. Sidi Bou Said e Cartago (cidades costeiras muito bonitas, ricas de história e de descobertas arqueológicas) sofreram uma verdadeira razia. Foram desclassificados terrenos e vendidos a preços altos.
A maior parte das operações imobiliárias do país está nas mãos da família. Ben Ali distribui-lhes zonas inteiras, até mesmo várias dezenas de hectares de terras agrícolas. As propriedades públicas são requisitadas para a família, de acordo com os seus apetites.
Com a cumplicidade do Banco Central, transfere maciçamente fundos para o estrangeiro: O conjunto das transferências de dinheiro da família está calculado, no período 1987-2009, em cerca de 18 mil milhões de dólares, o equivalente à dívida tunisina (segundo o site activista nawaat.org).
Estalam escândalos a nível internacional:
- A questão do liceu Louis Pasteur :
O liceu francês Louis Pasteur, dirigido há 40 anos pelo casal Bouebdelli é reputado pelo seu ensino de muito alta qualidade e uma taxa de êxito muito elevada no bacharelato. Toda a burguesia envia para lá os seus filhos. Mas em 2007, Bouebdelli impede de ir a exame a filha do advogado de Leila Trabelsi. É convocado pouco depois ao ministério: dão-lhe ordens de inscrever a aluna sob pena de ver o liceu encerrado. O respeitável Mohamed Bouebdelli recusa-se a ceder às ameaças. Leila Trabelsi ordena o encerramento do liceu e arranja uma subvenção de 1 800 000 dinares para abrir o seu próprio estabelecimento de ensino no ano seguinte: o liceu internacional privado de Cartago.
Mohamed Bouebdelli desencadeia uma campanha para sensibilizar a opinião pública, escreve um livro que divulga gratuitamente ma Internet, contacta a embaixada de França. Não serve para nada, a França mantém-se surda e ele não consegue impedir o encerramento do liceu.
- A questão do Iate roubado :
Em 2006, Imed e Moaz Trabelsi, sobrinhos de Ben Ali roubam o iate do rico homem de negócios francês Bruno Roger, amigo de Sarkozy. Empurrado pela mulher, Ben Ali é obrigado a intervir para evitar um incidente diplomático.
As malfeitorias das grandes famílias centram-se sobretudo na economia, mas os Trabelsi também se dedicaram a tráficos mafiosos ao mais alto nível do Estado. Segundo o inquérito de Slim Bagga, Imed Trabelsi coloca-se acima das leis e abusa disso. Põe em marcha um tráfico de prostituição de menores, que
ele considera uma mercadoria igual a qualquer outra, com a colaboração ao mais alto nível do Estado („As menores‟, de Slim Bagga: reserva de caça dos herdeiros Ben Ali e Trabelsi),
Será que a criação de empregos suplementares poderá acalmar a ira dos tunisinos ?



Mentira nº 4 dos meios de comunicação: “A França defende Ben Ali porque ele luta contra o islamismo”

A repressão de Ben Ali no que se refere aos islamitas foi muito violenta, mas a principal razão do apoio francês são interesses económicos consideráveis.
As relações privilegiadas da França com Ben Ali permitem-lhe ter sido o primeiro investidor estrangeiro na Tunísia em 2008 com um recorde de 280 milhões de euros em investimentos. Há 1 250 empresas francesas em actividade neste país, com um total de 106 000 empregados. Alguns interesses económicos franceses são antigos. Outros, promissores, pertencem ao futuro.
- Deslocalização de proximidade
Três quartos das empresas francesas presentes fazem deslocalização de proximidade exportando indústria ou serviços para o mercado europeu. Nos sectores dos têxteis – vestuário, couro (500 empresas) - e sobretudo nas indústrias mecânicas, eléctricas e electrónicas – primeiro posto de exportação do país – com a Valeo, a Faurecia, a Sagem ou a EADS (através da sua filial Aerolia Tunisie). Os serviços não ficam atrás, com os „call centers‟ e as sociedades de serviços informáticos. Começam a aparecer gabinetes de estudos e de engenharia ao lado da centena de gabinetes de consultadoria já instalados. Acrescentemos os „call centers‟ (Téléperformance) ou os SSI (Infra-estruturas de Sistemas de Servidores) de vocação exportadora.
Ao lado destes sectores dedicados à exportação, os grandes nomes do CAC40, presentes na Tunísia, interessam-se directamente pelo mercado tunisino, ou mesmo argelino e líbio: Air Liquide, Danone, Renault, PSA, Sanofi Aventis, Total ou outros. Estas empresas implantam-se frequentemente em parcerias com grupos locais, mesmo que tenham apenas uma participação minoritária, como o Carrefour e o Géant Casino. Estas duas marcas tiveram o
cuidado de formar parcerias no seio de famílias mafiosas (Mabrouk e Trabelsi) que se mantêm maioritárias.
As empresas francesas procuram contratos na energia e nos transportes. A central de gás que deve ver o dia entre Tunis e Bizerte (400 milhões de euros) interessa à Alstom e à General Electric France. Em Cap Bon, na extremidade nordeste do país, o vasto projecto ELMED que pretende ligar a Tunísia à Sicília suscita o interesse da GDF Suez e da EDF. Na ordem de 2 mil milhões de dólares (1,5 de euros), poderá vir a ser lançado em 2011 ou 2012. Os transportes são o outro sector promissor para os investidores. O projecto de rede ferroviária rápida (RFR) de Tunis, inspirado no RER parisiense, deve arrancar este ano. A Alstom e a Colas Rail são candidatas à sinalização e ao equipamento da via. O material rolante interessa à Bombardier France. O projecto RFR deve prosseguir durante cerca de dez anos, ou seja, significa um potencial de contratos de dois mil milhões de euros.
No turismo, encontramos: a Fram, a Accor, o Club Med. No sector bancário: BNP-Paribas, Société générale, Groupe Caisse d‟épargne. Nos seguros, a Groupama detém 35% do capital da Sfar, a primeira seguradora tunisina. As marcas Carrefour e Casino estão presentes com parcerias no seio da família mafiosa que se mantêm maioritárias (Mabrouk/Trabelsi). Nas telecomunicações, a Orange Tunisie arrebatou em 2009 a terceira licença de telefones móveis e a segunda de telefones fixos.
“As empresas que se dispuseram a deslocar-se para o país seguem com atenção os motins, mantendo-se calmas”, indica um observador francês, com base em Tunis. “Algumas casas mães experimentam o pulso da situação por causa das suas filiais”.
Mas não existe apenas a França. A União Europeia também deposita a sua confiança em Tunis e tenta elogiar o regime. Segundo um comunicado de Abril de 2009 da Comissão Europeia, “a Tunísia foi o primeiro país da região euro mediterrânea a assinar um acordo de associação com a União Europeia, que tem como objectivo estabelecer uma parceria política, económica e social entre as duas partes”. O Banco Europeu de Investimentos interveio a partir de 1978. Actualmente, já se investiu um total de 2,75 mil milhões de euros, o que faz do BEI o primeiro credor de fundos da Tunísia.
A grande beneficiária do regime de Ben Ali é a Europa. Ele é o único dirigente árabe a promover o Tratado do Mediterrâneo, zona de mercado livre que deixará o Magrebe à mercê dos capitais ocidentais. E nesta via perigosa, Bruxelas esfrega as mãos de contente: “A partir de 1 de Janeiro de 2008, foram abolidas todas as taxas para os produtos industriais, dois anos antes do prazo previsto”.
O Banco Mundial (com sede em Washington) está no mesmo comprimento de onda. O seu relatório Doing Business 2009, que mede a eficácia das reformas tomadas com vista a sanear o ambiente dos negócios, premeia a Tunísia com um generoso sete em dez e coloca-a na 73ª posição entre 188 países passadas pelo crivo (muito à frente de Marrocos e da Argélia). De resto, em
meados de Maio de 2009, o Banco Mundial meteu a mão na algibeira e concedeu um empréstimo de 250 milhões de dólares à Tunísia para desenvolver a sua competitividade.
Isto explica porque é que a ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Michel Alliot-Marie, declarou, na altura em que o povo tunisino era massacrado: [o governo francês] “não deve armar-se em dar lições perante uma situação complexa” e ofereceu “a experiência da polícia francesa à polícia tunisina na gestão de questões de segurança”. Os jovens dos subúrbios e os manifestantes do movimento das reformas hão-de agradecer.
É verdade que ela conhece bem o país visto que, tal como os seus colegas Hortefeux, Besson e Mitterrand, todos os verões passa belas férias nas luxuosas instalações turísticas, com a sua família, conforme revelou o Canard Enchaîné. Este ano, foi no Phenicia em Hammamet. A notícia não diz quem pagou a conta.
O seu colega da Agricultura, Bruno Le Maire, foi o primeiro membro do governo a explicar-se: “Não tenho que julgar o regime tunisino. O presidente Ben Ali é uma pessoa que frequentemente é mal julgado, [mas] fez muitas coisas”. Quanto a Frédéric Mitterrand, depois de o ter elogiado durante tanto tempo, ainda se atreveu a declarar há pouco tempo que tratar o regime de Ben Ali como uma ditadura era “um exagero”!
Uma nova forma de revolta
A única de o regime de Ben Ali conservar o poder foi organizar uma vigilância e uma censura do Estado institucionalizada com a cumplicidade da Justiça. Todas as vozes dissidentes são severamente reprimidas. Já em 2008 começam os levantamentos na região de Gafsa (minas de fosfato). A 6 de Julho de 2010, um tribunal de recurso tunisino confirma a sentença de quatro anos de prisão efectiva pronunciada contra o jornalista Fahem Boukaddous por ter filmado as manifestações. Ainda hoje continua na prisão.
Mas, graças à Internet e às novas tecnologias, os tunisinos conseguem encontram fontes de informação. Então, o governo apressa-se a bloquear todos os sites dissidentes e prende os bloguistas. É impossível aceder ao Youtube e ao Dailymotion, há páginas do Facebook bloqueadas. No entanto, esta repressão faz nascer na Tunísia uma geração de piratas informáticos que permitem contornar os bloqueios ou chegam mesmo a desbloquear endereços amordaçados pelo Estado!
As redes sociais desenvolvem-se espantosamente: em 2000, o primeiro ciber grupo de activistas tunisinos Takriz ultrapassa o cabo de um milhão de visitantes singulares, número que continuará a aumentar com os crimes cada vez mais escandalosos dos Ben Ali. Este endereço conta hoje um milhão de visitantes por dia! Estes jovens piratas informáticos desempenham actualmente um papel determinante na luta, quando os tunisinos não estão no terreno, é aqui que se reúnem e trocam as últimas notícias que surgem a cada minuto que passa.
Na segunda-feira à tarde, piratas informáticos atacam os websites governamentais. Ficam bloqueados o acesso à bolsa de valores e o site do ministério dos Negócios Estrangeiros. O ataque é reivindicado por um grupo de piratas informáticos dissidentes: “Anónimos”. O endereço deles propõe-se navegar anonimamente na Internet, oferecendo acesso aos sites bloqueados pelo governo.
Neste momento, os tunisinos podem seguir em directo no Takriz, minuto a minuto, os acontecimentos, tal como nós todos. Estes acontecimentos mostram-nos como as novas tecnologias podem representar uma esperança para a luta, para a verdade e para a Libertação.


É difícil prever a evolução dos acontecimentos, visto que este movimento não propõe nenhum candidato, nenhuma alternativa para além da vontade de lutar pela liberdade e pela justiça. Tendo em conta o passado dos tunisinos bem conscientes da censura, da manipulação mediática e das jogadas internacionais, podemos sonhar ver aparecer um governo progressista que poderá ter uma influência considerável no mundo árabe.

Apoiar o povo tunisino.
Em muitas grandes cidades da Europa e noutros locais organizaram-se manifestações para apoiar a Tunísia e o seu povo. Na quarta-feira passada, Marselha reuniu perto de mil manifestantes. Bruxelas manifestar-se-á este sábado, 15 de Janeiro, às 14 horas, na Bolsa de Bruxelas para fazer o mesmo e impor aos nossos governos que reconheçam o regime despótico de Ben Ali como um regime criminoso. Para impor que deixem de ser cúmplices desse tirano e da sua desonesta família.
Com estas palavras de ordem: Solidariedade com o movimento social na Tunísia e na Argélia! Fim à repressão! Pelo direito ao Trabalho, à Dignidade, à Liberdade e à Democracia! Viva a Solidariedade Internacional! Viva a Solidariedade Magrebina!"



(As charges que ilustram esse post são do Latuff e o texto é de Ramy Brahem, traduzido por Margarida Ferreira)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mieczyslaw Walessa

Conto de Walessa virará curta metragem ainda nessa década
reportagem de Gisele Maestrini para agência Reuters


Em recente visita ao Brasil, onde veio negociar a adaptação da adaptação de seu conto Bezunte meu pau com óleo liza feita pelo trombonista João da Silva, para um curta que se chamará A Bancária e o Vagabundo, Mieczyslaw Walessa deu sua opinião sobre nova adaptação feita pelo cartunista Batata do mesmo conto:

"Enquanto a primeira adaptação só falou na ode ao não-trabalho, esquecendo-se da putaria, a segunda adaptação só se focou na putaria, esquecendo-se de toda complexidade do pensamento da bancária, do conflito dela com seus familiares, do sonho da relação com o vagabundo", disse Law. "Não sei qual das duas é pior", complementou o escritor, que já estava completamente bêbado.

O tradutor Gaspar Manolo acompanhava o escritor na bebida e afirmou categoricamente: "Przypomnij sobie co Ci się ostatnio śniło!!!".  Mieczyslaw Walessa riu muito do comentário do tradutor, que não quis nos dizer do que se tratava, mas ambos olhavam para minhas coxas.

A cineasta Didi Crocomila nos falou sobre o projeto do curta-metragem. "É a adaptação da adaptação que saiu no primeiro zine da Miséria. Ainda vamos negociar com Law e com o João o projeto, valores, enfim, se tudo der certo o curta estará pronto em 5, 6 anos. Ou talvez uns 8, 9".

O malabarista Ricardo Flóqui se prontificou a ajudar no projeto. "Sim, essa será nossa prioridade em 2016".

Procuramos o cartunista Batata para saber sua opinião e o encontramos desmaiado numa sargeta de Sumaré, abraçado a uma garrafa de conhaque.

 Mieczyslaw Walessa gosta de passar suas férias no Brasil onde se relaciona com umas das ex-dançarinas da banda Carrapicho

História Trágica com Final Feliz



Animação portuguesa emocionante.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

Todo mundo explica

Platão, Freud, Marx e o Krishnamurti, que tá vendendo a explicação na livraria, que lhe faz a prestação.

Veja AQUI no Re-escrita de tudo e etc do Arthur.

O que é que a ciência tem?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Cancrópolis

Anvisa proíbe o uso de agrotóxico após comprovar que faz mal à saúde

Proibição do agrotóxico metamidofós é vitória para o consumidor. Porém, só entra em vigor efetivamente dentro de dois anos

O agrotóxico chamado metamidofós sairá do mercado brasileiro, de acordo com uma determinação divulgada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na segunda-feira (17/1).

Atualmente utilizado em lavouras de algodão, feijão, amendoim, batata, soja, tomate e trigo, para eliminar insetos e ácaros, o produto passou por uma reavaliação toxicológica na qual foi comprovado que seu uso traz risco à saúde humana. O metamidofós é classificado pela Anvisa como extremamente tóxico (classe toxicológica I).

O agrotóxico metamidofós já tem o uso proibido e restrito em diversos países da da União Europeia, China, Paquistão, Indonésia, Japão, Costa do Marfim e Samoa. A reavaliação comprovou que ele pode causar transtornos aos sistemas neuro lógico, imunológico, endócrino (produtor de hormônios) e reprodutor, bem como ao desenvolvimento do feto, características que o faz se enquadrar na lista de agrotóxicos que não podem ser registrados e comercializados no País.

A proibição do uso do metamidofós é considerada uma vitória. "O encerramento de mais uma reavaliação de agrotóxico pela Anvisa é uma boa notícia e o esforço da agência de retirar do mercado aqueles que fazem mal a saúde deve ser aplaudido", declarou a advogada do Idec, Juliana Ferreira.

Mas, apesar do fim da comercialização do produto estar prevista para o final desse ano, os comerciantes terão até dois para se adaptar à decisão da Anvisa, prazo extensivo demais, na opinião do Idec, considerando que a substância só causa danos ao consumidor.

"Mais uma vez, a Anvisa protelou o banimento do agrotóxico para daqui dois anos, tempo dado para que as empresas baixem os estoques e os produtores se adaptem, apesar de todos os malefícios já comprovados que este produto pode causar à saúde da população", afirmou a Juliana. "Uma decisão de governo não pode sobrepor interesses econômicos à saúde pública".

(fonte: IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor)

OS CARAS ENVENENAM CONSCIENTEMENTE  A POPULAÇÃO DURANTE MUITOS ANOS ENCHENDO SEUS RABÕES PERVERSOS COM BILHÕES DE DÓLARES E QUANDO, DEPOIS DE ANOS DE BATALHAS JUDICIAIS E COMPROVAÇÕES CIENTÍFICAS INCONTESTES, AINDA CONCEDEM DOIS ANOS DE ENVENENAMENTO SUPLEMENTAR PARA OS FILHOS DA PUTA NÃO TEREM GRANDES QUEBRAS EM SEUS LUCROS E PODEREM COLOCAR NO MERCADO PRODUTO SUSTITUTO SEMELHANTE QUE, COM CERTEZA, DAQUI A ALGUNS ANOS, IREMOS SABER TRATAR-SE DE VENENO IGUAL OU PIOR AO QUE ESTÁ SENDO SUBSTITUÍDO. SE VERMOS A LISTA DOS GRANDES FINANCIADORES DE CAMPANHAS POLÍTICAS NO BRASIL E NO MUNDO, COMPREENDEREMOS QUE SITUAÇÕES COMO ESTA SÃO MAIS NATURAIS DO QUE POSSAM PARECER.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Aumento do Busão em Campinas

A tarifa de ônibus em Campinas aumentou esta semana de 2,60 para 2,85 reais... esses aumentos são abusivos, pois não são consequência da melhora do transporte público. Na última quinta-feira, manifestações contra o aumento das passagens em São Paulo foram reprimidas violentamente pela polícia (leia sobre aqui).


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Espaço cultural GⒶia.


No dia de hoje 12/01, foi ocupado um Casarão em Santa Tereza, localizada na Rua Almirante Alexandrino, 1648, próximo ao Hospital IV Centenário. (pegar o ônibus Silvestre e descer no Hospital, ou o Bonde Silvestre e descer no Largo dos Guimarães)

O Espaço além de de servir de moradia, será também um polo de irradiação e produção de cultura e um refúgio de vida na cidade. Pedimos solidariedade a todos envolvid@s com Ocupações e também aquel@s que tenham afinidade com a contra-cultura, para comparecer amanhã, 13/01/2011, as 9h da manha ao Espaço GⒶia, que já terão algumas atividades iniciadas, assim como a continuidade de mutirões que se iniciaram hoje.
segue abaixo o Manifesto do Coletivo de Ocupantes:


A vida é o espaço de tempo que nós existentes temos para nos libertar. Temos o poder de ação em nossas mãos, basta coragem e vontade, para dizer não a uma forma de vida esquecida e construir uma alternativa nova, onde possamos estar em harmonia com a terra e viver em fraternidade. 
Sentimos que a grande cidade é a maior das prisões, onde impera o esquecimento através de um sistema capitalista que nos fecha em nós mesmos, num egoísmo ignorante e medroso, desconectado com o ser e a natureza. No sistema capitalista nos vemos obrigados a vender nossas vidas para sobreviver, nosso trabalho é alienado aos nossos sonhos, e muitas vezes nos vemos numa vida automatizada,vazia, materialista e sem sentido, e longe de qualquer ideal. 
Mas nos cansamos dessa morte em vida, decidimos acordar e lutar, por isso decidimos ocupar este espaço abandonado à poeira em Santa Teresa, porque queremos desenvolver nele um portal de ativismo e conscientização onde com amor e arte, possamos sentir a felicidade de criar uma realidade na qual acreditamos. E nesta realidade queremos vencer todas as fronteiras, sentir a força de uma vida que nos chama a acordar, conectando-nos uns com os outros, sentindo que em toda a nossa infinita diversidade, somos sempre um.
Portanto queremos vencer o capitalismo e os seus muros, não sendo mais refém da sua engrenagem que nos domina com o dinheiro, e com a mediocridade de um individualismo indiferente. Por isso sentimos a necessidade de desenvolver a auto-suficiência, plantando o que comemos e fazendo o que precisamos com nossas próprias mãos, porque sabemos que a partir do momento em que utilizamos dinheiro estamos fortalecendo uma forma de vida doentia, onde esqueceu-se a irmandade e onde se estabeleceu um sistema de troca, Estado, hierarquias, violência e propriedade.
Nós preferimos o compartilhar ao trocar, porque o nosso prazer esta em agir, e quanto mais amor entregamos mais amor sentimos, portanto agimos sem esperar nada em troca. Não temos e não queremos propriedade, não temos nada para trocar, e ao decidir compartilhar sentimos que nada é nosso, mas ao não ter nada, temos tudo. 
Por isso com o nosso centro ocupado em Santa Teresa pretendemos desenvolver a permacultura, porque acreditamos que é através da nossa conexão com a terra que mudamos a nossa percepção de vida. Queremos sentir que a terra é a nossa mãe, portanto não é de ninguém, que tem vida própria e permite aos que a trabalham usufruir de seus frutos.
 Não acreditamos na vida na cidade moderna, mas queremos criar no meio desta grande prisão um portal de transição que viva e espalhe uma nova mensagem, incentivando-nos mutuamente a evoluir e a libertar-nos de vez do capitalismo e suas barbaridades, lembrando que antes que nada somos filhos da terra, portanto com ela nos conectamos, sentindo a sua força e a sua luz, vivendo uma vida em que acreditamos e afirmando com nossas ações: Irmãos do mundo, já é hora, acordemos todos juntos.




Para mais informações clicar aqui.

20 MIL ACESSOS!!!

OBRIGADO A TODOS OS LEITORES E SEGUIDORES DA MISÉRIA! VALEU POR ENTRAREM MAIS DE 3 VEZES POR DIA, PARA ENFIM ALCANÇARMOS A MARCA DE 20 MIL ACESSOS!
RUMO AOS 100 MIL!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Liberdade a Cesare Battisti!

Quinta-feira, dia 13, as 19h, na APROPUC (Associação dos Professores da PUC-SP), na Rua Bartira, 407, em Perdizes, vai acontecer uma conversa na tentativa de organizar alguma atividade pela liberdade de Cesare Battisti.

É cada dia mais evidente que o caso de Cesare ultrapassa, em muito, a inocência ou não de um mero ex-ativista político. A manutenção da prisão de Battisti por uma decisão completamente arbitrária do STF exprime, hoje, o quanto aceleradamente caminha o processo de criminalização dos movimentos sociais e a maneira em que este processo pode se articular internacionalmente, chegando a ameaçar inclusive princípios elementares de um regime mais ou menos democrático.

Para ler a carta/defesa do Cesare Battisti ao STF entre AQUI

Para ler mais sobre o caso entre aqui

Vídeo sobre a Ocupação do MST em Serrana

Vídeo realizado pelos companheiros da Flaskô - Fábrica Ocupada de Sumaré.

http://www.youtube.com/watch?v=gXV70Rc0HQY

sábado, 8 de janeiro de 2011

Pior que tá num fica - blog

FCA significa faculdade de ciências aplicadas. É uma unidade da Unicamp, inaugurada em 2009 no novo campus de Limeira pelo então governador José Serra. A criação da unidade faz parte de um projeto neo-liberal do governo-gerente paulista de expansão de vagas no ensino superior público para cursos tecnicistas formadores de mão de obra para o mercado de trabalho. Nosso blog questiona este novo esquema de diploma universitário que visa formar pessoas para apertar botões no chão de uma fábrica. A iniciativa privada que se preocupe com isso, pois isso dá lucro! O papel do governo deveria ser de fomentar formações necessárias que não dão lucro: Artes, Humanas, e ciências básicas.

Trecho da entrevista com Caluniador:
“(…) e mostrar – não só com imagens – o descaso da administração pública com o ensino superior (educação no geral). Denunciar o trabalho mal feito do governo do estado de São Paulo que em sua nova política de expansão de vagas nas universidades públicas tem construido prédios de “papel”, abrindo cursos a custo baixíssimo com uma estrutura extremamente enxuta. (…)”
Tudo lindo pra quem vê de fora, tudo podre por dentro. Entretanto, o eleitorado paulista adora e aplaude! Vota em Alckimin, José Serra e Tiririca: “Pior que tá num fica…”

Veja o blog dessa galera loca em:
http://piorquetanumfca.wordpress.com/

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A quem serve a polícia?

Como vocês podem ler abaixo (e nas diversas fontes indicadas) é comprovado o trabalho escravo na Usina Nova União no município de Serrana, em SP. A terra onde fica a usina deveria ser destinada à reforma agrária também por apresentar diversas dívidas. O que a polícia, se cumprisse a lei, deveria fazer? Deveria garantir que a área fosse destinada à reforma agrária. Mas acabamos de receber a notícia de que a polícia deu até as 11h da manhã para os ocupantes saírem se não agiriam com violência contra às pessoas. É ou não é uma maravilha?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ocupação do MST essa madrugada! Divulguem em seus blogs, sites e twiters!!!

A REFORMA AGRÁRIA PARALISADA

Existem atualmente no estado de São Paulo, cerca de 2.000 famílias acampadas, vivendo em áreas provisórias como beiras de estradas, áreas cedidas ou improvisadas.
                     
São famílias que vivem em barracas de lona e enfrentam todo tipo de dificuldade. Entraram na luta do MST por necessitarem de TRABALHO, COMIDA e MORADIA. Lutam para serem assentadas e viverem em uma comunidade com escola, ambulatório de saúde, agroindústria, área de lazer, biblioteca etc.

No processo de luta, passaram a entender que a terra no Brasil está concentrada nas mãos do agronegócio e dos latifundiários. E que isso integra um modelo agrícola que mata pessoas de tanto trabalhar nos canaviais, que envenena os alimentos tornando o nosso país o principal consumidor de agrotóxicos do mundo, que destrói as áreas de reservas legais e áreas de preservação permanente.

Além disso, as famílias sem terra compreenderam que a riqueza ostentada pelo agronegócio é baseada na sonegação de impostos e na transferência direta de recursos públicos.

A Reforma Agrária no nosso país está paralisada. Existem famílias que estão acampadas há cerca de 8 anos. Fazer a Reforma Agrária no Brasil não é somente resolver o problema social das famílias sem terra, mas também significa uma mudança no atual modelo de desenvolvimento do campo, que é insustentável ambientalmente e dependente do ponto de vista econômico.

FAMÍLIAS SEM TERRA EM MOVIMENTO

Estamos abrindo o ano com uma jornada de ocupações de terra. Na madrugada do dia 05 de janeiro de 2011, cerca de 250 integrantes do MST ocuparam a Fazenda Martinópolis, que pertence à Usina Nova União, situada no município de Serrana, estado de São Paulo.

Participaram da ocupação, famílias sem terra da região da Grande São Paulo, Vale do Paraíba, Campinas e Ribeirão Preto. Além de amigos e amigas do MST de diversas regiões. A ação pretende chamar a atenção para nossa pauta de reivindicação estadual e pressionar para a arrecadação da área, afim de que ela seja destinada para o assentamento das famílias do Acampamento Alexandra Kollontai, que existe desde 22 de maio de 2008.
  
HISTÓRICO DO ACAMPAMENTO ALEXANDRA KOLLONTAI
ü  22 de maio de 2008: início do acampamento com a ocupação da Fazenda Bocaina, município de Serra Azul.
ü  Junho de 2008 a junho de 2009: realizamos quatro ocupações de terra na Fazenda Martinópolis, que pertence à Usina Nova União; em todas as ocupações sofremos reintegrações de posse com a presença ostensiva da Polícia Militar do estado de São Paulo. Permanecemos na área em cada ocupação, no máximo 20 dias.
ü  Realizamos diversas mobilizações junto à Procuradoria do Estado de São Paulo, no município de Ribeirão Preto;
ü  Violência e criminalização: desde o período da primeira ocupação, começou a funcionar na Fazenda e na Usina um esquema de segurança com uma empresa de segurança privada, armada. Na última ocupação que realizamos na área, dois carros com seguranças armados se aproximaram do acampamento, exibindo duas armas e depois voltaram à noite e atiraram contra as famílias. Felizmente ninguém se feriu, mas essa situação demonstra a verdadeira face do agronegócio, que em sua dita capital, usa métodos de pistolagem. A usina também tem atacado os integrantes do MST, movendo processos para criminalizar a luta pela terra.

A VERDADEIRA FACE DA USINA NOVA UNIÃO

Esta Usina tem uma dívida de cerca de 300 milhões de Reais devido à sonegação de ICMS. Além de processos trabalhistas e multas ambientais.
Até hoje, a Usina ainda não pagou os salários e os direitos trabalhistas de 2010, de seus 600 funcionários. Houve duas audiências no Ministério do Trabalho (ver anexo), que resultaram no pagamento parcial dos trabalhadores, mas o problema total não foi resolvido. Em uma das audiências, a Usina chegou a dizer que iria avaliar se continuaria existindo como usina produtora de álcool e açúcar.
A Fazenda Martinópolis pertence à Usina Nova União. Ela chegou a ser arrematada em leilão pelo Governo do Estado por adjudicação fiscal durante o período de 1991 a 2002, conforme o processo 7863/86. Neste período o Governo não destinou a área para Reforma Agrária, o que contraria a legislação brasileira. Portanto a área esteve nas mãos do Governo do Estado como parte do pagamento de dívidas de sonegação de impostos, que não executou nenhum projeto para o benefício da população e até hoje esta dívida com o povo brasileiro não foi paga.




REIVINDICAMOS

Que a Usina pague imediatamente os salários dos trabalhadores, bem como seus direitos trabalhistas.

Que o Governo do Estado arremate a Fazenda Martinópolis e que tanto o Governo Estadual como o Governo Federal se comprometam em destiná-la para a Reforma Agrária e o assentamento das famílias do Acampamento Alexandra Kollontai.

Que o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), ligado ao Governo Federal e o ITESP (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), ligado ao Governo Estadual, se comprometam na agilidade da pauta estadual do MST. A seguir segue a situação das famílias acampadas, que participam desta mobilização:

Vale do Paraíba
ü  Acampamento Luiz Carlos Prestes – município de Taubaté, 30 famílias acampadas há 4 anos e meio. Área desapropriada, falta a Justiça conceder a imissão de posse;
ü  Acampamento Beto e Jurandir – município de Jacareí, 20 famílias acampadas há 2 anos. Falta desapropriar fazendas vistoriadas na região.
Campinas
ü  Acampamento Roseli Nunes – município de Americana, 50 famílias acampadas há 2 anos.  Falta desapropriação de áreas vistoriadas;
ü  Acampamento Elizabete Teixeira – município de Limeira, 150 famílias. Liberação das pendências jurídicas para efetivação do assentamento.
Grande São Paulo
ü  Acampamento Irmã Alberta – município de São Paulo, 40 famílias acampadas há 8 anos e meio. Pendência: regularização do assentamento;
ü  Acampamento Dom Pedro Casaldáliga – município de Cajamar, 35 famílias acampadas há 8 anos. Falta liberação integral da área.
Ribeirão Preto
ü  Pré-assentamento Cida Segura – município de Orlândia, 60 famílias. Falta a arrecadação total das áreas para o assentamento de todas as famílias e início imediato da implantação do projeto de assentamento. No dia 22 de dezembro de 2010, houve a ocupação de uma destas áreas e até o momento não recebemos nenhum pedido de reintegração de posse e permanecemos na luta;
ü  Acampamento Alexandra Kollontai – município de Serrana, 60 famílias acampadas desde 22 de maio de 2008. Arrecadação da área para assentamento.


Contatos: Guê (16) 8162 8079 e Ari (19) 8219 6715.



Local do Acampamento: Rodovia Abraão Assed, Usina Nova União à direita (sentido Cajuru), próximo ao Assentamento Sepé Tiarajú, municípios de Serrana e Serra Azul – SP.