Mostrando postagens com marcador CRÍTICAS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador CRÍTICAS. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

TUDO FANTOCHE DO MESMO MONSTRO


As empresas que doaram mais grana pra campanha da Dilma foram as construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. Fazem parte do consórcio pra construção de Belo Monte junto com a Odebrecht e a Leme Engenharia.

Abaixo a lista de doações das construtoras para o PSDB de São José dos Campos. Informações do TSE.


Abaixo as doações para o Deputado Estadual Fernando Capez.
Esse deputado é irmão do desembargador do Tribual de Justiça de São Paulo Rodrigo Capez, o filhadaputa que deu uma carteirada no Oficial de Justiça do Tribunal Regional Federal que queria parar a reintegração de posse no Pinheirinho. Por conta dessa carteirada do irmão do deputado acabaram com a moradia das 9 mil famílias.

PT e PSDB tem maneiras diferentes de lidar com os movimentos populares e trabalhadores organizados. Essa charge é um ponto de partida pra um quadrinho maior que vai tocar nisso.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Zona Autônoma Temporária

"A Zona Autônoma Temporária é uma idéia que algumas pessoas acham que eu criei, mas eu não acho que tenha criado ela. Eu só acho que eu pus um nome esperto em algo que já estava acontecendo: a inevitável tendência dos indivíduos de se juntarem em grupos para buscarem a liberdade. E não terem que esperar por ela até que chegue algum futuro utópico abastrato e pós-revolucionário. "

Leia AQUI entrevista com Hakim Bey(o cara da foto).

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Crack, Globo, Facção Central - Luta de Classes

O crack para a classe-média, feito pela classe média:


O crack para os pobres, feito pelos pobres:


Na classe-média isso não dá muito certo, o crack é droga, tem que estar fora da fantasia da TV:



Moral da história: se usar crack não atravesse a rua.
Rede Globo, sempre mentindo pra você.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

SAIU A PRIMEIRA CRÍTICA!!!

Olha só, alguém enfim metendo a boca na nossa revista. 

Quem perdeu esse tempão - vinte minutos? trinta? - foi o Peixe, camarada do famoso samba do Souza, que acontece em lugares obscuros de Campinas. 

Ele escreveu sobre a Miséria número 2 - a da capa com o velho solitário sentado no banco - que foi rodada e vendida antes da número 1.

O debate que se seguiu será publicado em breve nesse blog. As fotos da discussão, da pancadaria e do final feliz (ninguém morreu nessa empreitada) também mostraremos algum dia.

A estética da Miséria
Autocrítica
Meu bom Doutor o morro é pobre
e a pobreza não é vista com franqueza
nos olhos desse pessoal intelectual.”
Bezerra da Silva

Num país como o Brasil, que nunca conseguiu resolver questões elementares para a superação da miséria, não provoca espanto o fato de que ela – a miséria – seja apresentada como natural. Primeiramente por aqueles que a fabricam mas também – talvez principalmente – por aqueles que, ao sentir – na pele, no estômago, nos músculos (?) – sua dureza, a ela acabam se acomodando de tal maneira que acabam por reproduzir sua ideologia.
E para provar – caso fosse necessário – que nada há de natural nisso tudo, observemos como são diferentes entre si três das muitas possíveis concepções de miséria. Não percamos tempo com a maneira mais baixa de apresentação da miséria que é sua transformação em espetáculo se valendo de sua dimensão mais superficial – a violência na forma mais bruta do termo – sob a desculpa de um suposto realismo, como foi feito – sob o selo “para exportação” – com as desgraças da “Cidade de Deus”. Serve para nada senão para movimentar ainda mais a máquina de dinheiro e ideologias outrora dominada por Róle e Ude.
Primeiramente, gostaria de destacar aquela que chamo – de maneira imprecisa, como todas as demais – de “visão romântica” sobre a miséria. Inspiração de gente grande como Gilberto Freire, se baseia numa certa ingenuidade acerca das mazelas daqueles que quanto mais sofrem mais cantam, mais festejam e mais gozam1. Ingenuidade esta que não deixa de estar acompanhada de um peculiar modo de sentir inveja – uma inveja que não se dá pelo objeto, mas pelo comportamento do sujeito frente a ele – como fica claro nas palavras precisas, belas e assumidamente pequeno-burguesas de Chico e Vinícius em “Gente Humilde”:

Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Como um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a tudo
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar


São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar

Mas não nos percamos na suposta simplicidade de seus versos; Chico e Vinícius compreendem precisamente os porquês dessa inveja: a capacidade de resistência, de sobrevivência; a capacidade de cantar em tom maior as mais tristes frases; a capacidade que têm os miseráveis de inventar – porque precisam – beleza onde não há.
E não há mesmo. O sorriso é aparente, como não se cansaram de entoar poetas da envergadura de Cartola (“Quem me sorrindo, pensa que estou alegre, mas meu sorriso é por consolação”); Nelson Cavaquinho (“As rugas fizeram residência no meu rosto, não choro pra ninguém me ver sofrer de desgosto”); e, principalmente, Zé Keti (“Pobre nunca teve posto, a tristeza é a sua cicatriz, repare bem que só de vez em quando pobre é feliz”). Nesta visão – a qual chamo “crítica” – o que importa é a luta contra a miséria. É uma revolta contra certa gente nojenta que, sob a indefensável desculpa do elogio à simplicidade do morro, acaba por defender às escondidas o argumento do “deixa eles ali que é só assim que se faz essas coisas bonitas que eles fazem”. E que fique claro:

O morro sorri, a todo momento
O morro sorri, mas chora por dentro
Quem vê o morro sorrindo
pensa que ele é feliz, coitado!
O morro tem sede
O morro tem fome
O morro sou eu o favelado
O morro sou eu o favelado

Por fim temos a visão supostamente desprovida de ideologias, supostamente pura, supostamente realista, uma visão “pessimista”. Como me disse um amigo certa vez “O pessimista é o realista bem informado”. Uma resposta estética que faz mal, que agride o leitor pela aspereza da crítica, que o surpreende pela desilusão, pelo sentimento de que não há saída, pelo colocar das mãos sobre a cabeça que demonstra francamente “fudeu!”. Para ficarmos no samba, sobre a desilusão, eu necessariamente sou remetido ao doce Paulinho da Viola que evidentemente seria um péssimo representante dessa profícua corrente, que carece de algo muito mais ácido para representá-la. Vamos para os quadrinhos – mais próximos, inclusive, do tema que aqui tratamos. A tradição é muito longa, passando por gente do calibre de Jaguar e Henfil, de Edgar Vasques, Angeli e Dahmer. O humor é necessariamente negro. A preocupação com o traço é que ele fique necessariamente “feio”, “sujo”, desajustado. Reitero, a preocupação é agredir “o mundinho pequeno-burguês-babaca-e-moralista-do-leitor-médio”.

Sabe, leitor amigo, eu nunca tinha me incomodado com essa posição política. Muito pelo contrário, sempre fui um grande fã e posso dizer com sinceridade que sou um apreciador aficionado por grande parte dessa gente citada. Mas ontem, quando eu me deparei com o “Miséria” – que, não tenho dúvida, está reivindicando para si mesma esta tradição – algo diferente me incomodou. Não foi a agressão costumeira aos meus modos pequenos-burgueses e cristãos de ver o mundo. Sempre gostei de receber essa agressão. Ela cumpre seu papel, me chamando à realidade. Mas quando me deparei com meus amigos reproduzindo – e muito bem, por sinal, ponto pra eles!!! – essa visão de mundo e, mais ainda, quando conversava com um outro amigo que me confessou que o gibi lhe fez mal justamente pelo sentimento do “não há o que fazer” me vi obrigado a reconsiderar, porque esse do “não há o que fazer” me parece justamente a re-naturalização da miséria pois, ainda que fique claro que existem responsáveis por “toda essa merda que temos aí” e que, portanto, miséria não é natural, o tiro pode sair pela culatra e o efeito da agressão se transformar em ainda mais apatia e sentimento de derrota daqueles que deveriam resistir, sobreviver e lutar contra a miséria. A total contragosto e de maneira inconsciente, temo que meus grandes amigos – críticos sociais de uma agudeza invejável – podem estar fortalecendo a posição política de seus inimigos. Só não me perguntem como superar esse impasse e qual a minha proposta para uma estética da Miséria. “Sei lá! Fudeu!”

Thiago “Peixe” Franco

1Cartola respondeu ao dilema freireano “por que o escravo canta?” de maneira ímpar em “Sala de Recepção”. Um dia escreverei sobre isso