da banda Eddie:
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terça-feira, 6 de março de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
seqüência
tinha um pesadelo onde todos os dias eram iguais.
eu não sabia quando começava, nem onde terminava
nele as casas eram iguais, todas quadradas, beges, paredes encardidas e uma janela bem pequena no alto da parede da frente, o vidro também encardido
não haviam portões, nem quintais, nem pessoas
ruas intermináveis
uma sequência infinita de postes de concreto
as ruas eram bem estreitas, as casas enormes, pareciam esconder o céu
o céu, esse era sempre cinza
no trabalho, milhões de computadores
milhões de pessoas idênticas operando computadores
no pesadelo eu era parte disso
no sonho eu era tudo aquilo e não existia
eu não sentia nada
o sonho nunca terminou
(poema da Juliana publicado na Casuística)
eu não sabia quando começava, nem onde terminava
nele as casas eram iguais, todas quadradas, beges, paredes encardidas e uma janela bem pequena no alto da parede da frente, o vidro também encardido
não haviam portões, nem quintais, nem pessoas
ruas intermináveis
uma sequência infinita de postes de concreto
as ruas eram bem estreitas, as casas enormes, pareciam esconder o céu
o céu, esse era sempre cinza
no trabalho, milhões de computadores
milhões de pessoas idênticas operando computadores
no pesadelo eu era parte disso
no sonho eu era tudo aquilo e não existia
eu não sentia nada
o sonho nunca terminou
(poema da Juliana publicado na Casuística)
sábado, 18 de fevereiro de 2012
quero café da manhã...
quero café da manhã
na beira da minha cama
quero toalhas floridas
quero torradas e manteiga
fresca
o leite não derramado
não quero o sangue coalhado
não quero a santa miséria
e todos os seus sub-produtos
desfilando encrespada
no diário matinal
quero que o morro seja verde só
de matos e árvores altas
que seja um bom paradeiro
para nuvens escuras
quero ser menos gentil
não quero ser cordial
com quem me alimenta de fel e veneno
as armas estão carregadas
armadas na mão de meninos
agora nutridos pelos santos bandidos do morro
um vintêm só minha tia
dois real meu patrão
a carteira
a bolsa
desce do carro playboy
que é isso leva aí
duas pedrinha só
olha os homi subindo
esse mês tirei uma TV de 42
o suor de meu pai
escorrendo de graça
pelas latrinas
a alienação de minha mãe
pós-doutora em telenovelas
o deputado impune
a puta na esquina
a cachaça de graça
a especulação financeira
a respeito deste poema
o microondas queimando mais um rato numa viela qualquer
as igrejas lotadas de fiéis comovidos com a caridade
os televisores ligados
à frente de milhares de cabeças que
desistiram de tentar pensar
são subprodutos da miséria
que cresce, que se reproduz
na exata proporção de olhos que
fecham-se para não vê-la
e de neurônios que torram
movidos pelo dispositivo automático
autoregulador, autoendossador
automasturbador, autometiculador
autoremovedor, autodesenvolvedor, automobilizador
autopandecísta, autodeletador, autoconvencedor, autodesligador escondido bem no fundo do nosso cú ou de algum lugar a que não nos atrevemos mexer dado monte de bostas que temos tido dificuldades em deixar de ser.
(poema do Jeison Heiler; o blog dele é http://verborragio.blogspot.com/)
na beira da minha cama
quero toalhas floridas
quero torradas e manteiga
fresca
o leite não derramado
não quero o sangue coalhado
não quero a santa miséria
e todos os seus sub-produtos
desfilando encrespada
no diário matinal
quero que o morro seja verde só
de matos e árvores altas
que seja um bom paradeiro
para nuvens escuras
quero ser menos gentil
não quero ser cordial
com quem me alimenta de fel e veneno
as armas estão carregadas
armadas na mão de meninos
agora nutridos pelos santos bandidos do morro
um vintêm só minha tia
dois real meu patrão
a carteira
a bolsa
desce do carro playboy
que é isso leva aí
duas pedrinha só
olha os homi subindo
esse mês tirei uma TV de 42
o suor de meu pai
escorrendo de graça
pelas latrinas
a alienação de minha mãe
pós-doutora em telenovelas
o deputado impune
a puta na esquina
a cachaça de graça
a especulação financeira
a respeito deste poema
o microondas queimando mais um rato numa viela qualquer
as igrejas lotadas de fiéis comovidos com a caridade
os televisores ligados
à frente de milhares de cabeças que
desistiram de tentar pensar
são subprodutos da miséria
que cresce, que se reproduz
na exata proporção de olhos que
fecham-se para não vê-la
e de neurônios que torram
movidos pelo dispositivo automático
autoregulador, autoendossador
automasturbador, autometiculador
autoremovedor, autodesenvolvedor, automobilizador
autopandecísta, autodeletador, autoconvencedor, autodesligador escondido bem no fundo do nosso cú ou de algum lugar a que não nos atrevemos mexer dado monte de bostas que temos tido dificuldades em deixar de ser.
(poema do Jeison Heiler; o blog dele é http://verborragio.blogspot.com/)
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
O DIA EM QUE O MORRO DESCER E NÃO FOR CARNAVAL
O dia em que o morro descer e não for carnaval
ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil
(é a guerra civil)
No dia em que o morro descer e não for carnaval
não vai nem dar tempo de ter o ensaio geral
e cada uma ala da escola será uma quadrilha
a evolução já vai ser de guerrilha
e a alegoria um tremendo arsenal
o tema do enredo vai ser a cidade partida
no dia em que o couro comer na avenida
se o morro descer e não for carnaval
O povo virá de cortiço, alagado e favela
mostrando a miséria sobre a passarela
sem a fantasia que sai no jornal
vai ser uma única escola, uma só bateria
quem vai ser jurado? Ninguém gostaria
que desfile assim não vai ter nada igual
Não tem órgão oficial, nem governo, nem Liga
nem autoridade que compre essa briga
ninguém sabe a força desse pessoal
melhor é o Poder devolver à esse povo a alegria
senão todo mundo vai sambar no dia
em que o morro descer e não for carnaval
(Wilson das Neves / Paulo César Pinheiro)
sexta-feira, 10 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Burnout
“Burnout”
(Nico Moreira)
Arno faz o vento,
Seiko marca o tempo,
Dako esquenta o rango,
Consul gela o frango.
Seiko marca o tempo,
Dako esquenta o rango,
Consul gela o frango.
Não são uma Brastemp, mas foda-se.
Hortência foi rainha,
Pelé já foi rei,
Neymar tem espinha,
Richarlyson é gay.
Pelé já foi rei,
Neymar tem espinha,
Richarlyson é gay.
Nenhum deles nada bem, mas foda-se.
Alguns imãs não grudam na geladeira,
Algumas mentiras não colam,
Algumas mulheres deviam ser freira,
Alguns homens não choram.
Algumas mentiras não colam,
Algumas mulheres deviam ser freira,
Alguns homens não choram.
Freiras não pintam o cabelo, mas foda-se.
Saramago ganhou um Nobel,
Diário de um Mago vendeu prá dedéu,
Muita gente leu a Bíblia,
Pouca gente entendeu.
Diário de um Mago vendeu prá dedéu,
Muita gente leu a Bíblia,
Pouca gente entendeu.
Não terminei meu Saramago, mas foda-se.
O Word é ruim de conta,
O Excel não mora na filosofia,
Auto Cad se liga em planta,
Power Point em teologia.
O Excel não mora na filosofia,
Auto Cad se liga em planta,
Power Point em teologia.
Não sei nada de Corel Draw, mas foda-se.
Paciência tem limite,
Alegria de banguela não tem dente,
O verão é uma alegria doente,
Cheia de dengue e conjuntivite.
Alegria de banguela não tem dente,
O verão é uma alegria doente,
Cheia de dengue e conjuntivite.
Ando meio sem paciência, mas foda-se.
A gente gosta do meio ambiente,
Desde que seja perto da cidade.
O calor das falsas lareiras
Vem da eletricidade.
Desde que seja perto da cidade.
O calor das falsas lareiras
Vem da eletricidade.
Não tô nem aí prá essa merda toda,
Quero mais é que se foda.
Quero mais é que se foda.
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