quarta-feira, 26 de maio de 2010

Violentamente Pacífico



QUANDO OS TRABALHADORES PERDEREM A PACIÊNCIA (MAURO IASI)

As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência

A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências

Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
"declaro vaga a presidência"!


(Uma dica do companheiro Alexandre da Flaskô, fábrica ocupada pelos operários.)

6 comentários:

  1. Ótima postagem, gostei muito da poesia e adorei o vídeo...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. O Dia Em Que o Morro Descer e Não For Carnaval
    Wilson das Neves

    O dia em que o morro descer e não for carnaval
    ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
    na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
    vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil
    (é a guerra civil)

    No dia em que o morro descer e não for carnaval
    não vai nem dar tempo de ter o ensaio geral
    e cada uma ala da escola será uma quadrilha
    a evolução já vai ser de guerrilha
    e a alegoria um tremendo arsenal
    o tema do enredo vai ser a cidade partida
    no dia em que o couro comer na avenida
    se o morro descer e não for carnaval

    O povo virá de cortiço, alagado e favela
    mostrando a miséria sobre a passarela
    sem a fantasia que sai no jornal
    vai ser uma única escola, uma só bateria
    quem vai ser jurado? Ninguém gostaria
    que desfile assim não vai ter nada igual

    Não tem órgão oficial, nem governo, nem Liga
    nem autoridade que compre essa briga
    ninguém sabe a força desse pessoal
    melhor é o Poder devolver à esse povo a alegria
    senão todo mundo vai sambar no dia
    em que o morro descer e não for carnaval.



    ouvi na rádio da sky. to tentando achar alguma versão transmissível

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  4. Peixe,

    Manda a versão pra gente por. Muito bom.

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  5. jão, como eu disse, eu não to achando nehuma versão passável....


    só ouvi na rádio que toca na tv (!)

    smac

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  6. Parabéns pelo trabalho do blog... não conhecia.
    O Vídeo dá margem para um bom debate, em termos de processo de consciência... que, na minha opinião, se completa com o poema do Mauro Iasi. Usemos isso para trabalhar com o senso comum e conseguiremos contribuir bastante na luta de classes.
    Saudações marxistas,
    Alexandre - advogado da Flaskô: sob controle operário

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