AOS ESTUDANTES, PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DA UNIVERSIDADE:
Gostaríamos, por meio desta carta, de explicitar nosso completo repúdio à acusação do diretor Mariano Laplane de que a ação estudantil do dia 25 de outubro de 2010 tenha sido manobrada pessoalmente por nós ou por estudantes do IFCH.
O diretor se vale da prerrogativa de impor sua versão de autoridade sobre discussões travadas a portas fechadas para desmoralizar e distorcer uma iniciativa legítima dos estudantes.
Lembramos a todos e a todas que o informe divulgado eletronicamente continha, além dos três documentos que compunham o processo, um sumário de seu conteúdo, uma crítica à forma como os estudantes foram abordados pela direção do IE e uma crítica (que as entidades estudantis têm todo o direito de fazer) ao trato dispensado pelas autoridades à questão do uso público do espaço.
Por último, propunha aos estudantes uma assembléia para fazer um pedido formal ao diretor do Instituto que não tomasse parte em práticas entendidas como autoritárias. O trato policial das questões estudantis não deve jamais ser naturalizado.
A assembléia foi feita, a questão foi discutida e uma carta foi elaborada para ser entregue em mãos ao diretor. Até então, em nenhum momento havia sido mencionada uma greve ou qualquer nota de repúdio a qualquer autoridade do IE.
No momento da entrega da carta, à presença de mais de uma centena de estudantes, o diretor reagiu reproduzindo todo o acervo de autoritarismos que o corpo discente pretendia questionar: não recebeu a carta, se defendeu de um ataque que não havia sido feito fechando a porta atrás de si e proclamando, na presença de representantes discentes, ameaças de convocação da PM (contra o que?), de apuração dos presentes e instauração de sindicâncias (sob qual pretexto?).
Foi nesse momento que o corpo discente, sensibilizado, se reuniu autonomamente, organizou novas comissões para restabelecer o diálogo e, frente à intransigência do diretor, decidiu paralisar suas atividades em repúdio.
Ressaltamos que, ao contrário da prática docente, todas as nossas críticas pessoais, as quais temos total direito de expressar, foram feitas pela nossa própria voz, em público e até mesmo manifestadas por escrito em outras ocasiões.
Ironicamente, embora o pleito estudantil tenha sido acusado de “infundado e fantasioso”, seu desfecho não podia ser mais concreto: quatro nomes foram enviados pelo diretor (com critérios absolutamente incoerentes) para apuração nos marcos do autoritarismo denunciado. Fez-se o cumpra-se. (Qual o problema? Convenientemente, agora se tratam apenas de lideranças do CAECO...).
Acreditamos que a democracia é tão estreita quanto menores forem os espaços para o conflito de posições. Nesse princípio, nossa responsabilidade reside, sim, em tornar de amplo conhecimento o recrudescimento dos autoritarismos no campus. Nosso compromisso com essa tarefa dispensa quaisquer mediações estranhas ao corpo discente.
Lamentamos que, inclusive no Instituto de Economia, as autoridades sejam tão insensíveis e intolerantes aos apelos de diálogo. Os mesmos professores que hoje nos acusam de intransigência são os que outrora reprimiram o movimento estudantil que se opôs aos decretos estaduais em 2007, à invasão da polícia militar na USP em 2009 e, agora, ao tratamento criminal dispensado às nossas manifestações.
Por último, agradecemos a solidariedade de nossos pares e lamentamos novamente que o corpo docente do IE tenha tanto horror àquilo que não consegue manter estritamente sob seu controle, inclusive a autonomia de seus estudantes.
Campinas, 27 de outubro de 2010
Daniel de Oliveira Nery Costa
Armando Palermo Funari
Tamo junto contra as politicas da Rei-toria e a amoc, contra a especulação imobialiaria , pelos espaços publicos e de convivio.
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