tinha um pesadelo onde todos os dias eram iguais.
eu não sabia quando começava, nem onde terminava
nele as casas eram iguais, todas quadradas, beges, paredes encardidas e uma janela bem pequena no alto da parede da frente, o vidro também encardido
não haviam portões, nem quintais, nem pessoas
ruas intermináveis
uma sequência infinita de postes de concreto
as ruas eram bem estreitas, as casas enormes, pareciam esconder o céu
o céu, esse era sempre cinza
no trabalho, milhões de computadores
milhões de pessoas idênticas operando computadores
no pesadelo eu era parte disso
no sonho eu era tudo aquilo e não existia
eu não sentia nada
o sonho nunca terminou
(poema da Juliana publicado na Casuística)
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